Há quem diga que o filme Ainda Estou Aqui não é para qualquer um; é pesado para quem tem estômago fraco. Também há quem diga o contrário: que o filme pega leve demais com o contexto histórico e não mostra de forma clara o que está acontecendo. Há quem diga, também, que o filme é só um recorte de uma família de classe média do Rio de Janeiro. Há quem diga várias coisas, mas não há quem diga que o filme é ruim. Pelo menos, não há alguém relevante que fale que é ruim (a não ser o jornal francês que entrou em campanha por Emília Pérez, filme francês que conta uma história latina e concorrente direto do filme brasileiro no Oscar). Obviamente, gosto é gosto, mas é necessário um arrodeio imenso para criticar, de forma negativa, o filme de Walter Salles.
Ainda Estou Aqui, logo de cara, situa quem o assiste no local e no tempo em que o longa se passa e, para eliminar qualquer dúvida, evidencia o período em que a história ocorre. Os primeiros minutos do filme, o primeiro ato, mostram uma família vivendo uma vida normal com medo de alguma sombra que paira sobre ela. Para quem for assistir depois do Globo de Ouro, vai se perguntar: Fernanda foi indicada por isso? E eu só posso dizer: aguarde.
A primeira parte do filme gira em torno de Rubens Paiva (Selton Mello), ex-deputado cassado pela ditadura militar brasileira. Em determinado momento (não é spoiler, é história), ele é levado por agentes da ditadura para um “depoimento padrão”, e é a partir daí que Fernanda Torres, na pele de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado, domina de forma absoluta o filme.
A atuação de Fernanda dita o ritmo do filme. E dita, bem cuidadosamente, no seu ritmo. Com sutilezas durante a barbárie. A contenção durante a brutalidade. A brutalidade e covardia que trazem dor e sofrimento, que vemos em cena, mas de forma sutil. O sofrimento no rosto da mulher que precisa ser forte para a família, sem deixar de ir em busca da verdade, que todos sabiam, mas que demorou a chegar. E Fernanda Torres faz isso tudo com maestria, em uma atuação linda e segura. Fernanda traz a emoção, sem derramar uma lágrima (ponto para Walter Salles), num drama caprichosamente realizado.

O filme, como se já não bastasse, nos brinda, nas cenas finais, com Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, representando Eunice Paiva mais velha. Montenegro, em poucos minutos de cena, mostra todo seu talento brutal sem dar uma palavra.
Ainda Estou Aqui traz, de forma sutil, uma brutalidade covarde de forma emocionante e sem apelação. Não é por acaso que o filme é um dos mais premiados da temporada. Afinal, há quem diga que o filme é bom. Muito bom.
Texto por: Bruno Felipe
Nota:
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