‘Round 6’ prova que precisamos de mais minisséries do que de séries
Texto por: Bruno Felipe (@blunocomr)
Superar expectativas é um peso enorme para qualquer produção — e um peso ainda maior para Round 6, a série mais vista da história da Netflix, que, vale lembrar, é o maior serviço de streaming do mundo. A série se tornou um sucesso espontâneo desde sua estreia. Quase todo mundo assistiu e torceu por algum personagem. O idioma original não foi barreira; pelo contrário, nos apresentou brincadeiras infantis típicas da Coreia do Sul, até então desconhecidas por muitos de nós.
A trama e seus personagens
A trama é conhecida: pessoas superendividadas (se me chamar, eu vou) são “convidadas” a participar de uma série de jogos com um prêmio milionário. O choque é que, para um vencer, todos os outros precisam morrer. A série tenta explorar os limites da natureza humana e o que cada um é capaz de fazer para sobreviver. Mesmo sabendo que o sucesso depende, literalmente, da morte alheia, alguns personagens encaram o jogo com tranquilidade. Outros resistem, mas não têm opção: o jogo é obrigatório. Os personagens não são exatamente profundos — alguns são até caricatos —, mas funcionam. Dentro da proposta da série, nos vemos angustiados com o que pode acontecer.
A força da primeira temporada
A primeira temporada causa apreensão e até certo espanto com a violência explícita dos jogos, transformando brincadeiras inocentes em eventos brutais. O desespero no olhar dos jogadores ao brincar um simples “Batatinha Frita 1, 2, 3” cria um contraste potente. E foi justamente com esses “joguinhos bobos, mas nem tanto” que Round 6 virou o fenômeno que virou. Quem não assistiu, queria assistir, porque só se falava nisso.
A primeira temporada é redondinha: tem começo, meio e fim. Apesar do gancho final, ela se fecha bem. Não havia necessidade de continuação. Poderia ter ficado na imaginação de cada um o que aconteceria a seguir. Mas o sucesso foi tão grande que seria difícil a Netflix resistir — e ela não resistiu.
Continuação e desafios
E aí vem a pergunta inevitável: é possível superar uma primeira temporada extremamente boa? Como corresponder à expectativa de milhões de pessoas sedentas por uma continuação? Algumas séries mostram que não. La Casa de Papel, da própria Netflix, foi pensada para uma temporada e, apesar do sucesso inicial, perdeu qualidade nas demais.
Por outro lado, há produções que sabem parar na hora certa. Minisséries, por exemplo, entregam histórias completas, sem necessidade de mais episódios. Um exemplo é Adolescência, também da Netflix. Pode-se gostar ou não, mas ela cumpre o que se propõe.
Round 6 parecia ser isso: uma história que já tinha sido contada. Mas teve mais? Teve. E foi bom? Foi. A segunda e a terceira temporadas funcionam, mesmo sem a necessidade de existirem.
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Segunda e terceira temporadas
A segunda chegou com novos personagens e com o público já familiarizado com a lógica dos jogos. O foco mudou: investiu-se mais nos personagens. Ainda caricatos, mas eficazes. A temporada funcionou como uma preparação para a última, sem cair demais em relação à primeira.
Já a terceira temporada… precisava? Depois da segunda, sim. E foi boa? Também. Sem enrolações, manteve o ritmo intenso e viciante. Isso não é para qualquer série — e a Netflix gasta milhões tentando criar esse efeito, quase sempre sem sucesso. Conseguiu com Round 6.
O problema é que, com mais episódios, nos apegamos mais aos personagens. E, quando eles morrem — como sempre foi a proposta —, a dor é maior. A decepção do público vem mais das expectativas que criamos do que de erros da série.
A terceira temporada não difere muito das anteriores: mantém os personagens exagerados, a violência e a tensão constante. A diferença é que… agora acabou. A frustração de muitos diz mais sobre quem assiste do que sobre quem escreveu.
Conclusão e rumores
Round 6 termina de forma positiva, mantendo um padrão de qualidade, mesmo que uma temporada tivesse sido o suficiente.
Em tempo: rumores indicam um spin-off da série, ambientado em Los Angeles, dirigido por ninguém menos que David Fincher. Apesar da imensa competência do diretor, talvez seja melhor não.
Nota:
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